O IPCA cresceu +1,16% em setembro, marca inédita para o período desde 1994, após o início da vigência do Plano Real. Apesar da forte aceleração, o resultado veio abaixo do consenso das instituições sondadas pela Refinitiv (+1,25%). Conforme o IBGE, oito das nove grandes aberturas registraram alta, de modo que três delas responderam por 86,2% da majoração no agregado: “habitação” (+2,56%), “transportes” (+1,82%) e “alimentação e bebidas” (+1,02%).
No primeiro caso, destaque para a energia elétrica (+6,47%): por conta da falta de chuvas no Sudeste e no Centro-Oeste, o governo tem recorrido às térmicas, cuja geração é mais dispendiosa. Quanto ao segundo recorte, vale ressaltar a influência dos combustíveis (+2,43%), em especial do etanol (+3,79%) e do respectivo impacto sobre a gasolina, em decorrência da quebra da safra de cana-de-açúcar. Além disso, continuam as pressões de custos sobre os automóveis novos, fruto da desorganização das cadeias de insumos globais, e de seus substitutos, como os veículos usados, motos e deslocamento via apps. Já no tocante ao terceiro, entendemos que ainda estamos observando os reflexos do clima adverso sobre determinados bens.
Os efeitos supracitados são apenas a consequência, mas não a causa do fenômeno. Por um lado, a oferta segue combalida pelos desdobramentos da pandemia e pela tentativa da China em reduzir a emissão de poluentes de sua matriz energética, afetando as commodities. Por outro, a demanda permanece aquecida, a partir da conjunção de medidas sem precedentes do ponto de vista fiscal, monetário e de crédito adotadas não só pelo Brasil, como no restante do mundo.
IPCA – Variação e impacto por grupos
(Em var. % e pontos percentuais)
Fonte: IBGE | Elaboração: AE/CDL POA.
Fonte:
Oscar André Frank Junior
Economista-Chefe CDL POA